segunda-feira, 1 de agosto de 2011

UBM se posiciona contra exposição do corpo das mulheres

Site ‘mapeia’ bumbuns brasileiros
Mulheres são fotografadas com câmeras digitais ou telefones celulares nas ruas de São Paulo sem qualquer consentimento. Elas podem ficar nervosas quando descobrirem que o alvo das lentes desses equipamentos são seus bumbuns. A irritação delas será maior ainda caso saibam que as imagens foram parar em um site chamado Paixão Nacional, que reúne fotos de glúteos femininos de todo o Brasil (São Paulo aparece em 2º lugar com mais fotos publicadas). As imagens são acessadas em um serviço semelhante ao do Google Maps. É preciso abrir o mapa de uma cidade e procurar as ruas onde as fotos foram tiradas.

Em entrevista ao Jornal da Tarde (JT-SP), a coordenadora nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Elza Maria Campos, afirmou que as pessoas tinham que se mobilizar contra esse tipo de site. “É uma afronta ainda maior porque as mulheres são expostas sem que elas saibam. Somos a favor da liberdade de comunicação, mas ela precisa valorizar o papel social da mulher na sociedade. E não ficar explorando o corpo delas”, afirma Elza, que também integra o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

O programador Bruno Ribeiro, de 29 anos, que idealizou o site -   e foi entrevistado pelo mesmo jornal, - diz que o site Paixão Nacional não pode ser levado a sério. “É só uma grande brincadeira. Não tenho a intenção de prejudicar ninguém”, afirma. O site entrou no ar dois dias antes do carnaval deste ano e, até ontem, contava com 1.855 fotos (282 delas em São Paulo). Ribeiro admite que 50% delas foram enviadas por homens que fotografaram mulheres nas ruas sem que elas soubessem. O restante do material foi cedido por casais liberais e por mulheres que gostam de se exibir, segundo ele. “As fotos são de responsabilidade de seus autores”, afirma Ribeiro, reproduzindo a mensagem que está no site. Ele acredita que as fotos tiradas sem autorização nas ruas não podem identificar as donas dos bumbuns.

O JT entrevistou mulheres de todas as faixas etárias na última sexta-feira, 29, na região da Avenida Paulista para saber a opinião delas sobre o Paixão Nacional. Nenhuma delas conhecia o site, mas todas disseram ter ficado chocadas com a “brincadeira” de Ribeiro. “A mulher não pode ser reduzida a uma parte do corpo”, afirma a educadora Helena de Biase, de 61 anos.

O psiquiatra Alexandre Saadeh, especialista em sexualidade, não considera uma patologia o fato de uma pessoa fotografar determinada parte do corpo de uma mulher na rua. “Acho que trata-se de um caso de falta de ética, de invasão de privacidade. Ou apenas uma brincadeira boba, que algumas pessoas acham engraçada”, diz Saadeh. Segundo o psiquiatra, as pessoas que tiram fotos de outras nas ruas não podem ser consideradas voyeuristas (aquelas que sentem prazer sexual por meio da observação). “A atitude tem até um princípio de voyeurismo, porque o alvo é uma determinada região anatômica. Mas voyeuristas gostam de observar pessoas em atividades sexuais, desnudas ou seminuas”, explica Saadeh.

Fonte: ubmulheres.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário